O Foguete V2: A arma secreta nazista!
- Maura Palumbo
- 26 de jan.
- 6 min de leitura

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista desenvolveu uma das mais impressionantes inovações tecnológicas da era moderna: o foguete V2.
O foguete V2 (sigla em alemão para "Vergeltungswaffe 2", ou "Arma de Vingança 2") foi o primeiro míssil balístico guiado de longo alcance da história.
Projetado principalmente para ser utilizado contra alvos britânicos e belgas como uma retaliação aos bombardeios aliados sobre cidades alemãs, o V2 representou um marco na história militar e espacial, sendo o precursor dos foguetes modernos utilizados na exploração espacial.
O Desenvolvimento do V2

Desenvolvido sob a supervisão do engenheiro alemão Wernher von Braun, o foguete V2 foi um avanço sem precedentes na tecnologia de foguetes. Alimentado por uma mistura de etanol líquido e oxigênio, o V2 possuía um motor poderoso capaz de levar o foguete a altitudes superiores a 80 km e distâncias de cerca de 190 km. Com um sistema de orientação automático avançado para a época, ele podia ajustar sua trajetória de forma independente durante o voo.
Apesar de sua sofisticação técnica, o foguete V2 apresentava limitações significativas, como uma precisão limitada. Seu impacto era mais psicológico do que estratégico, sendo empregado principalmente como uma arma de terror contra alvos civis, como Londres e Antuérpia. Cada lançamento tinha um custo altíssimo, estimado em 100.000 Reichsmarks, o equivalente a milhões de dólares atualmente.
A Linha Kármán e sua Importância

O foguete V2 sucedeu a bomba voadora V1 e tornou-se o primeiro objeto artificial a cruzar a linha Kármán, que é uma fronteira amplamente aceita entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral e fica situada a aproximadamente 100 km acima do nível do mar. O foguete V2, ao atravessar essa linha, foi pioneiro na exploração do espaço, apesar de seu desenvolvimento ter sido impulsionado por objetivos militares.
A Esperança dos Nazistas

A Alemanha nazista depositava grandes esperanças no V2 como uma arma revolucionária que poderia mudar o rumo da guerra. A capacidade do foguete de atingir alvos a longa distância com velocidade supersônica e sem possibilidade de interceptação alimentava a crença de que o V2 poderia enfraquecer o moral dos aliados e causar destruição em massa em cidades como Londres e Antuérpia. No entanto, apesar do impacto psicológico e destrutivo, a produção em massa e o custo elevado limitaram sua eficácia em alterar os rumos do conflito.
O ataque

Em 25 de novembro de 1944, às 12h26 de um movimentado sábado de compras, uma bomba de foguete V2 alemã atingiu diretamente uma loja Woolworths lotada em New Cross, em Londres. A explosão colossal jogou pessoas no ar, capotou caminhões e fez com que veículos pegassem fogo. As ruas estavam cobertas de vidro até os tornozelos, e sobreviventes manchados de sangue jaziam nas calçadas ou cambaleavam atordoados. Lojas e casas vizinhas foram reduzidas a escombros, enquanto poeira e fumaça enchiam o ar. O ataque causou 168 mortes imediatas, incluindo 33 crianças, e feriu gravemente 123 pessoas, tornando-se uma das piores tragédias civis em solo britânico durante a guerra.
Desenvolvimento e Produção

A Alemanha vinha desenvolvendo tecnologia de foguetes no Centro de Pesquisa do Exército de Peenemünde desde a década de 1930. Os britânicos receberam relatórios de inteligência sobre armas secretas, mas os rejeitaram amplamente como desinformação alemã. Após uma série de protótipos, surgiu o "A-4", que foi oficialmente utilizado na guerra sob o nome de "V-2". A partir de setembro de 1944, mais de 3.000 foguetes foram lançados contra alvos aliados, como Londres, Antuérpia e Liège, resultando na morte de cerca de 5.000 civis e militares.
Os ataques aéreos aliados danificaram seriamente Peenemünde, então a produção principal foi transferida para uma enorme fábrica subterrânea em Mittelwerk, perto da cidade de Nordhausen, no norte da Alemanha. Mais de 5.000 foguetes V2 foram produzidos lá em condições adversas, usando trabalho escravo do campo de concentração de Mittelbau-Dora, administrado brutalmente nas proximidades.
Impacto na Segunda Guerra Mundial

O foguete V2 representava um desafio inédito, sendo um foguete de 14 toneladas capaz de atingir 80 km de altitude, com uma potência de mais de meio milhão de cavalos-vapor, concentrada em um motor de 1,65 metro de comprimento e 450 kg. No entanto, apesar de seu impacto histórico e avanço tecnológico, o foguete V2 não conseguiu reverter o desfecho do conflito, mas estabeleceu as bases para a exploração espacial moderna e os mísseis balísticos intercontinentais.
Os ataques V2 continuaram até que os avanços aliados, que estavam empurrando as forças alemãs de volta pela Europa, fizeram com que os locais de lançamento tivessem que ser movidos, ficando assim, muito distantes para os foguetes alcançarem a Grã-Bretanha. O último ataque V2 em Londres ocorreu na manhã de 27 de março de 1945, destruindo Hughes Mansions na Vallance Road, em Whitechapel, e matando 134 pessoas.
Mais de 1.300 V2s foram disparados contra a Inglaterra e, conforme as forças aliadas avançavam, centenas de outros foram alvejados contra a Bélgica e a França.
O Alto Custo Humano

A produção do V2 teve um custo humano devastador. Estima-se que pelo menos 20.000 prisioneiros morreram trabalhando na sua fabricação, muitos deles retirados de campos de concentração nazistas, como Buchenwald. Em uma fábrica subterrânea chamada Mittelwerk, os prisioneiros eram submetidos a condições desumanas, trabalhando por horas exaustivas sem luz solar, comida ou saneamento adequados. Qualquer tentativa de sabotagem era punida com execução.
O Legado Duradouro do V2

O foguete V2 deixou um legado profundo na história da tecnologia espacial. Apesar de suas origens sombrias, as inovações tecnológicas desenvolvidas durante o programa foram fundamentais para o avanço da engenharia aeroespacial. Elementos como motores de propulsão a líquido, sistemas de orientação giroscópica e designs aerodinâmicos ainda são utilizados nos foguetes modernos.
Os aliados perceberam o potencial da tecnologia V2 e buscaram capturar cientistas envolvidos no projeto para impulsionar seus próprios programas de foguetes.
O principal projetista por trás do desenvolvimento da tecnologia de foguetes na Alemanha foi o cientista Wernher von Braun. No final da guerra, os americanos, russos e britânicos estavam em uma corrida para obter a tecnologia e o conhecimento do V2. Von Braun e seus colegas cientistas optaram por se render aos americanos, em 2 de maio de 1945. Cerca de 500 membros de sua equipe receberam ofertas secretas de contratos para se mudarem para a América. Von Braun assumiu a cidadania americana e se tornou uma das figuras pioneiras no desenvolvimento do programa espacial dos Estados Unidos.
Os EUA levaram diversos foguetes para análise e realizaram lançamentos experimentais, utilizando o conhecimento adquirido para o desenvolvimento do míssil Redstone, que posteriormente foi usado para lançar o primeiro astronauta americano, Alan Shepard, em 1961.
Nos EUA, Von Braun teve um papel importante na construção do foguete Saturno 5, que auxiliou a missão Apollo 11, tripulada pelos astronautas americanos Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins, a pousar na Lua em 20 de julho de 1969.
A conquista da Lua só foi possível graças às contribuições tecnológicas e à expertise de Von Braun e sua equipe, derivadas diretamente do programa V2.
Curiosidades Sobre o V2

Primeira Gravação do Espaço: O foguete V2 foi usado em experimentos americanos no pós-guerra, capturando as primeiras imagens da Terra vista do espaço.
Lugares de Lançamento: O V2 era lançado de plataformas móveis para evitar ataques aliados.
Custo Elevado: Cada V2 custava cerca de 100.000 Reichsmarks, o equivalente a milhões de dólares hoje.
Impacto Psicológico: O foguete causava grande terror entre as populações atingidas devido à sua velocidade e imprevisibilidade.
Técnica de Disfarce: A Alemanha utilizava estratégias de camuflagem para esconder os locais de produção dos aliados.
O foguete V2 foi usado em experimentos americanos no pós-guerra, capturando as primeiras imagens da Terra vista do espaço. Ele era lançado de plataformas móveis para evitar ataques aliados, uma tática que dificultava a identificação e destruição das bases de lançamento. O custo de cada foguete era altíssimo, girando em torno de 100.000 Reichsmarks, o equivalente a milhões de dólares atualmente. Apesar de seu impacto tecnológico, a precisão era limitada, tornando-o uma arma mais de terror do que de eficiência militar. A Alemanha utilizava estratégias de camuflagem para esconder os locais de produção e lançamento dos aliados, como o uso de florestas e estruturas falsas para enganar a aviação inimiga.
Conclusão
O foguete V2 foi um marco tecnológico que moldou tanto a guerra moderna quanto a exploração espacial. Embora tenha sido concebido como uma arma de destruição, suas inovações abriram caminho para avanços pacíficos, impulsionando a ciência espacial e levando a humanidade mais perto das estrelas. Ainda hoje, a influência do V2 é evidente nos modernos sistemas de lançamento espacial, mostrando que, mesmo em tempos sombrios, a inovação pode ter consequências duradouras e transformadoras.
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